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7 de fev. de 2011

Sou responsável por quem cativo?

Algumas idéias são tão repetidas que até parecem verdadeiras.

Um exemplo disto é a máxima de Saint Exupéry, alardeada nos perfis de orkut e twitter:

"És responsável por quem cativas"


(Escrever na segunda pessoa não dá a sensação de conteúdo? De mandamento, até?)

Veja, eu sou adepto da responsabilidade pessoal. O que é responsabilidade pra mim:

capacidade de responder pelos meus atos
=
habilidade de responder
=
respons-abilidade
(esta piada fica mais engraçada se contada em inglês)

Então, se sou responsável, eu respondo pelos meus atos. Meus atos, e só. Nunca pelos atos de nenhum adulto, quer seja ele meu familiar, cônjuge, colega de trabalho...

Opa, aí temos outra palavra: adulto. Adulto pra mim é o que não recebe perdão pelos seus atos. Crianças, como não são adultas, podem ganhar indultos pelos seus atos. (Essa piada não ficou engraçada, nem em latim.)

Agora imagine que eu cative uma garota. Adulta, pois não sou pedófilo. E iniciamos um relacionamneto. Supnha ainda que, após um tempo, eu perceba que o relacionamento acabou pra mim.

Tenho plena liberdade de terminar o relacionamento quando eu bem entender. Não devo continuar uma farsa por me achar responsável pelos atos ou sofrimento daquela pessoa.

Não sou responsável pelos atos dela, ponto.

Se, com o rompimento, ela se negar a entender o meu ponto de vista, esbravejar, pagar mico, se suicidar, será por conta e risco dela. A respnsabilidade é dela.

Da mesma forma, se eu me apaixonar, e depois de um tempo ela terminar o namoro, não seria lúcido de minha parte pegar no pé dela, chorar, contrariar, tornar-me violento, pra tentar reatar um relacionamento que não mais existe.

Se eu sofrer, será por culpa minha. Eu poderia ter dito não, mas aceitei o pedido de namoro. Se acabou, e eu sofro, não foi ela que me fez sofrer. Eu que optei por não virar a página; escolhi a obsessão até atingir o nível de sofrimento.

Iniciar relacionamentos, e eventualmente terminá-los, são atos inerentes a nossa natureza livre. Fazem parte da nossa eterna busca pela felicidade.

Por outro lado, me considero responsável por crianças e animais que eu cativar.
Se eu crio uma relação de afeto com um enteado, tenho obrigação de continuar na vida dele, pelo menos até a maioridade, mesmo que o relacionamento com a mãe dele já tenha acabado. Eu sumir depois do fim do namoro seria um golpe que ele não merece. Da mesma forma se eu cativar um cachorro. Cães vivem de afeto. Então, uma vez eu o cativando, devo ser presente na vida dele até o dia da sua morte.


Claro que quando inicio um relacionamento, desejo que seja para sempre. E, acreditem, um dia eu consigo isto!

Mas se o outro tiver a certeza que jamais terminarei o relacionamento por me achar responsável, ele se sentirá livre pra me machucar quando quiser. Por outro lado, se o outro souber que posso terminar o relacionamento quando eu bem entender, ele tenderá a me reconquistar a cada dia. E o mesmo vale pra mim.

Isto dá a certeza de que não estamos num relacionamento vazio, onde só se conta o tempo de casados. Pois assim que ficasse vazio, acabaríamos na mesma hora e buscaríamos por algo melhor.

Então, NÃO! NÃO SOU RESPONSÁVEL POR QUEM EU CATIVAR!!!

E ao escrever isto eu me senti leve, livre dos grilhões desta falsa crença, que raposamente me foi vendida e eu comprei por décadas!

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