Noite passada saí com minha afiliada pra beber, jogar sinuca, comer hamburguer e picolé de chocolate (Ela só bebeu. E teve náuseas ao me ver comendo picolé de chocolate após as cervejas). Foi uma boa noite principalmente por que não perdi todas na sinuca.
Estavamos num boteco com 4 mesas de sinuca e uma jukebox que tocou quase que somente Usher.
Num dado momento notei que na jukebox rolava o vídeo do kiko funkeiro.
No início eu xinguei secretamente o fato de pegarem da net um vídeo e não pagarem direitos autorais ao criador do vídeo, muito menos ao canal de tv q exibe o kiko.
É neste momento que este post se inicia. E vai acabar rapidinho. Tão rápido quanto foi eu deixar de lado o insight etílico que tive.
Eu pensei no mundo onde vivo agora. Nada impede que quem tenha criado o vídeo seja um garoto. Os garotos de minha época se expressavam com giz na calçada. Hoje a calçada é a internet onde podem se expressar na forma de uploads de multimídia. Na minha época nenhum garoto cobraria direitos autorais de um desenho em giz na calçada, e no fim das contas a jukebox é uma forma de propaganda pro canal de vídeos no youtube de quem fez o upload.
O mundo tá pegando um rumo incerto pra mim, onde a criação não é premiada pois todos criam o tempo todo. Ninguém vai pagar pelos meus livros pois as universidades financiam a pirataria de livros via xerox e por que muitos colegas já postaram todo o conteúdo do livro em blogs de acesso gratuito.
Enquanto eu tentava abarcar esta mudança olhei pra cada uma das mesas de sinuca.
Na primeira tinha três ou cinco velhinhos jogando bebendo e dando risada. Este é um mundo onde está mais divertido envelhecer.
A segunda era mais convencional. Uns quatro caras, três mulheres e duas crianças, todos dando gargalhadas. Meus pais nunca me levaram pra um boteco pra jogar sinuca quando eu tinha oito anos.
A terceira mesa tinha três garotas lindas e desacompanhadas, entre 15 e 17 anos. No mundo de hoje uma menina pode sair a noite, jogar, beber, sem que ninguém a acuse de tudo o que minha mãe teria pensado dela.
Quando o povo foi saindo os dois novos grupos que ocuparam as mesas me trouxeram novamente o assunto a tona. Uma mesa com cinco viadinhos barulhentos e um casal de lésbicas de parar o trânsito. Fiquei muito feliz de ver que ninguém no boteco tinha alguma opinião a dar sobre estes novos ocupantes, nem achado estranho mulheres desacompanhadas jogarem sinuca.
Achei engraçado como a jukebox e os tipos que ocuparam as mesas de sinuca daquela noite pareceram orquestradas para complementar o meu insight. Cada um, um exemplo isolado de liberdade que eu não tinha visto nos anos 80.
- Ricardooo, tua vez.
- Hã? Ok...
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