Páginas

27 de fev. de 2011

O mundo tá melhorando?

Noite passada saí com minha afiliada pra beber, jogar sinuca, comer hamburguer e picolé de chocolate (Ela só bebeu. E teve náuseas ao me ver comendo picolé de chocolate após as cervejas). Foi uma boa noite principalmente por que não perdi todas na sinuca.

Estavamos num boteco com 4 mesas de sinuca e uma jukebox que tocou quase que somente Usher.

Num dado momento notei que na jukebox rolava o vídeo do kiko funkeiro.

No início eu xinguei secretamente o fato de pegarem da net um vídeo e não pagarem direitos autorais ao criador do vídeo, muito menos ao canal de tv q exibe o kiko.

É neste momento que este post se inicia. E vai acabar rapidinho. Tão rápido quanto foi eu deixar de lado o insight etílico que tive.

Eu pensei no mundo onde vivo agora. Nada impede que quem tenha criado o vídeo seja um garoto. Os garotos de minha época se expressavam com giz na calçada. Hoje a calçada é a internet onde podem se expressar na forma de uploads de multimídia. Na minha época nenhum garoto cobraria direitos autorais de um desenho em giz na calçada, e no fim das contas a jukebox é uma forma de propaganda pro canal de vídeos no youtube de quem fez o upload.

O mundo tá pegando um rumo incerto pra mim, onde a criação não é premiada pois todos criam o tempo todo. Ninguém vai pagar pelos meus livros pois as universidades financiam a pirataria de livros via xerox e por que muitos colegas já postaram todo o conteúdo do livro em blogs de acesso gratuito.

Enquanto eu tentava abarcar esta mudança olhei pra cada uma das mesas de sinuca.

Na primeira tinha três ou cinco velhinhos jogando bebendo e dando risada. Este é um mundo onde está mais divertido envelhecer.

A segunda era mais convencional. Uns quatro caras, três mulheres e duas crianças, todos dando gargalhadas. Meus pais nunca me levaram pra um boteco pra jogar sinuca quando eu tinha oito anos.

A terceira mesa tinha três garotas lindas e desacompanhadas, entre 15 e 17 anos. No mundo de hoje uma menina pode sair a noite, jogar, beber, sem que ninguém a acuse de tudo o que minha mãe teria pensado dela.

Quando o povo foi saindo os dois novos grupos que ocuparam as mesas me trouxeram novamente o assunto a tona. Uma mesa com cinco viadinhos barulhentos e um casal de lésbicas de parar o trânsito. Fiquei muito feliz de ver que ninguém no boteco tinha alguma opinião a dar sobre estes novos ocupantes, nem achado estranho mulheres desacompanhadas jogarem sinuca.

Achei engraçado como a jukebox e os tipos que ocuparam as mesas de sinuca daquela noite pareceram orquestradas para complementar o meu insight. Cada um, um exemplo isolado de liberdade que eu não tinha visto nos anos 80.

- Ricardooo, tua vez.
- Hã? Ok...

25 de fev. de 2011

Sensation

Sensation é um evento de house music. Um megaevento que a cada ano tem um motivo diferente e acontece em vários paises. No Brasil é chamado de Skol Sensation.

O evento é tão grande que não tem ingresso, tem certificado de participação. Não tem anúncio, tem trailer...


Usam todos os recursos pirotécnicos que as religiões e partidos políticos usaram através dos tempos, forjando a ilusão de conteúdo através da forma. Quando assisto fico pensando que foi assim que se conquistou os índios e aldeões medievais: com efeitos especiais que lembram poderes sobrenatuais. Apelam até pra uniforme dos membros, artifício usado por clérigos e exércitos pra dar a ilusão aos membros de que pertencem a uma casta.

Fiz uma playlist Sensation no youtube.
Veja um exemplo. A abertura parece um grandioso culto religioso. Parece que um sacerdote vai aparecer a qualquer momento e iniciar um sacrifício...


Veja como o anúncio lembra uma peça publicitária de um partido político ou igreja:


Sensation é a prova pra mim que pode haver um evento social sem a imposição de conceitos de terceiros na cabeça dos fieis, sem mentiras, sem promessas absurdas... só música.

E eu gosto disto. Gosto do uniforme que pedem para os espectadores adotarem: branco total. Gosto de um mundo sem doutrinas de terceiros a engolir ou a brigar por... Eu quero um Sensation World para os meus filhos.

7 de fev. de 2011

Sou responsável por quem cativo?

Algumas idéias são tão repetidas que até parecem verdadeiras.

Um exemplo disto é a máxima de Saint Exupéry, alardeada nos perfis de orkut e twitter:

"És responsável por quem cativas"


(Escrever na segunda pessoa não dá a sensação de conteúdo? De mandamento, até?)

Veja, eu sou adepto da responsabilidade pessoal. O que é responsabilidade pra mim:

capacidade de responder pelos meus atos
=
habilidade de responder
=
respons-abilidade
(esta piada fica mais engraçada se contada em inglês)

Então, se sou responsável, eu respondo pelos meus atos. Meus atos, e só. Nunca pelos atos de nenhum adulto, quer seja ele meu familiar, cônjuge, colega de trabalho...

Opa, aí temos outra palavra: adulto. Adulto pra mim é o que não recebe perdão pelos seus atos. Crianças, como não são adultas, podem ganhar indultos pelos seus atos. (Essa piada não ficou engraçada, nem em latim.)

Agora imagine que eu cative uma garota. Adulta, pois não sou pedófilo. E iniciamos um relacionamneto. Supnha ainda que, após um tempo, eu perceba que o relacionamento acabou pra mim.

Tenho plena liberdade de terminar o relacionamento quando eu bem entender. Não devo continuar uma farsa por me achar responsável pelos atos ou sofrimento daquela pessoa.

Não sou responsável pelos atos dela, ponto.

Se, com o rompimento, ela se negar a entender o meu ponto de vista, esbravejar, pagar mico, se suicidar, será por conta e risco dela. A respnsabilidade é dela.

Da mesma forma, se eu me apaixonar, e depois de um tempo ela terminar o namoro, não seria lúcido de minha parte pegar no pé dela, chorar, contrariar, tornar-me violento, pra tentar reatar um relacionamento que não mais existe.

Se eu sofrer, será por culpa minha. Eu poderia ter dito não, mas aceitei o pedido de namoro. Se acabou, e eu sofro, não foi ela que me fez sofrer. Eu que optei por não virar a página; escolhi a obsessão até atingir o nível de sofrimento.

Iniciar relacionamentos, e eventualmente terminá-los, são atos inerentes a nossa natureza livre. Fazem parte da nossa eterna busca pela felicidade.

Por outro lado, me considero responsável por crianças e animais que eu cativar.
Se eu crio uma relação de afeto com um enteado, tenho obrigação de continuar na vida dele, pelo menos até a maioridade, mesmo que o relacionamento com a mãe dele já tenha acabado. Eu sumir depois do fim do namoro seria um golpe que ele não merece. Da mesma forma se eu cativar um cachorro. Cães vivem de afeto. Então, uma vez eu o cativando, devo ser presente na vida dele até o dia da sua morte.


Claro que quando inicio um relacionamento, desejo que seja para sempre. E, acreditem, um dia eu consigo isto!

Mas se o outro tiver a certeza que jamais terminarei o relacionamento por me achar responsável, ele se sentirá livre pra me machucar quando quiser. Por outro lado, se o outro souber que posso terminar o relacionamento quando eu bem entender, ele tenderá a me reconquistar a cada dia. E o mesmo vale pra mim.

Isto dá a certeza de que não estamos num relacionamento vazio, onde só se conta o tempo de casados. Pois assim que ficasse vazio, acabaríamos na mesma hora e buscaríamos por algo melhor.

Então, NÃO! NÃO SOU RESPONSÁVEL POR QUEM EU CATIVAR!!!

E ao escrever isto eu me senti leve, livre dos grilhões desta falsa crença, que raposamente me foi vendida e eu comprei por décadas!

Um pouco sobre liberdade

Vou postar de vez em quando coisas sobre liberdade. Pra isto acabo de criar a tag #liberdade.
Vou comentar como ela é importante pra mim, mas noto em metade das pessoas com quem me relaciono que ela pode ser alvo de criticas.